Em Angola nasci
No meio da pobreza
Procurando rectificar
Erros da Nobreza
Dificuldades, mais dificuldades
Fome, frio e dor
Assim eram os meus dias
Na vida d’um sofredor
Um dia na “Machamba”
Pisei uma mina
Fiquei sem a perna
E a outra mais pequenina
Chorei sem saber porquê
Sem raiva, sem rancor
Chorava de tanta solidão
Tanta falta de Amor
Um dia acordei
Sem qualquer dor
Alguém me sorria
Um sorriso de Amor
Tudo era diferente
Mais calmo, mais feliz
E eu, o velho perneta
Sentia-me um petiz
Soube que tinha morrido
Com gangrena na perna
E que afinal estava vivo
Porque a vida era eterna
Porque tanta dificuldade
Tive naquela vida?
Porque Deus me deu
A existência tão sofrida?
D. Chica sorridente
Explicou a situação
Tinha sofrido muito
P’ra reparar minh ‘ambição
Noutra vida
Fora nobre explorador
Enriquecera muito
À custa da alheia dor
Comerciara escravos
E famílias separara
E quando era preciso
Até os torturara
Após a morte
A consciência ardia
Não conseguia ter paz
Ao ouvir a gritaria
De dor
Que provocara
Com o chicote
Que muitos matara
Deus na sua bondade
Um Anjo mandou
Era minha mãe
Que ao regaço m’aconchegou
Chorámos em conjunto
Lembrando o passado
De feliz em pequeno
A terrível e odiado
Vamos orar, meu filho
A Deus pedir solução
E Deus respondeu:
“Terás nova reencarnação…”
E assim nasci
Na Angola martirizada
Colhendo no corpo
O que plantara em vida passada…
Poeta alegre
Psicografia recebida em Óbidos, Portugal, a 20 de Julho de 2008
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dezembro 02, 2009
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