Eu ainda dou em maluco...



O dia era normal como todos os outros. A páginas tantas, uma pessoa conhecida pediu-nos para conversarmos um pouco. Anuímos.
Num recanto mais privado, começou por indagar se eu acreditava mesmo no espiritismo. Respondi que não, que o espiritismo não é uma questão de crença, mas sim de factos, e como tal, perante tantos factos que provam a imortalidade da alma e a comunicabilidade dos espíritos, não me resta mais do que render-me à evidência.
O seu ar era de preocupação. Pessoa bem posta na vida, notava-se que carregava um problema que o não deixava estar em paz.
Foi-me referindo que um seu familiar era atormentado desde há dois anos com vozes “esquisitas” que mais ninguém ouvia. Na família, ninguém o entende, pensam que ele está maluco apesar dos seus cerca de 60 anos de idade e de ser uma pessoa equilibrada. Os filhos ficam a pensar se ele não estará a ficar senil e com graves problemas psiquiátricos. Ele próprio pensa que ainda dá em maluco ou então que está mesmo maluco. No entanto, após breves momentos de meditação acaba por verificar que é uma pessoa lúcida, que pensa normalmente, que não está desequilibrado. Mas aquela dicotomia – estou a ficar maluco / eu não estou maluco – é desgastante. Pelo sim pelo não lá vai frequentando vários médicos psiquiatras. Entre várias possibilidades lá o vão encharcando com medicamentos anti-psicóticos, o que faz com que ele ainda se sinta pior.

É urgente que médicos e psicólogos comecem a adentrar-se no estudo
do espiritismo, no sentido de melhor poderem dar resposta a situações
que a medicina convencional não consegue solucionar

Os tormentos continuam, pois apesar de tudo, as vozes lá estão, persistentes, umas de tom amistoso, outras, a maioria, vozes desconhecidas que o incitam a fazer disparates, que lhe dizem coisas de fazer corar os mais atrevidos e com ideias altamente perturbadoras.
Não sabe mais que fazer, acabam por deambular por charlatães onde gastam um rol de dinheiro em mezinhas e outros artefactos que nada resolvem.
A situação complicou-se, ele já não sabe como sair da mesma.
Foi perante este cenário difícil que aquela pessoa conhecida nos perguntava se poderíamos fazer algo pelo familiar.
Assim à primeira vista sugerimos que o familiar consultasse uma médica psiquiatra nossa conhecida, que também sendo espírita e conhecendo os meandros da mediunidade (capacidade que as pessoas têm para entrar em contacto com o mundo espiritual) poderia aquilatar melhor da necessidade ou não de medicação. Recomendámos igualmente que o familiar se deslocasse a uma associação espírita idónea no sentido de pedir auxílio espiritual, pois todos os dados relatados por esse familiar são indicativos de que essa pessoa pode ser portadora de uma faculdade – audiência espiritual – que lhe permite ouvir as vozes das pessoas já falecidas, os chamados espíritos.
Ficámos a meditar no enorme número de pessoas que tendo faculdades consideradas paranormais, isto é, mediunidade ou faculdade de percepcionar o mundo espiritual, não sabem o que se passa com elas, não entendem o que sentem, ouvem ou vêem, entrando em perturbação pelo facto de não saberem lidar com a nova situação e por ouvirem dos demais que não possuem essa capacidade, que eles não estão bem psiquicamente, o que muitas vezes é corroborado por médicos que desconhecem esta característica do ser humano. Sendo a mediunidade uma faculdade que todos nós possuímos, uns (a maioria) em estado latente, outros com ela a desabrochar e outros ainda já com ela desenvolvida (aquelas pessoas a que vulgarmente se chama médiuns), e estando essa faculdade cada vez mais visível em todos os estratos sociais e culturais, é urgente que médicos e psicólogos comecem a adentrar-se no estudo do espiritismo, no sentido de melhor entenderem o ser humano como ser espiritual eterno, temporariamente num corpo de carne, e não como um amontoado de células carnais.

A doutrina espírita, ou espiritismo, é precisos auxiliar da medicina,
em várias das suas áreas.

Da nossa experiência junto de associações espíritas idóneas, temos visto inúmeras pessoas a reequilibrarem-se, após a necessária aprendizagem em torno desta faculdade, a mediunidade, logrando viver com ela naturalmente quando antes era factor de perturbação.
Se antes a mediunidade era considerada sintoma patológico pelos médicos psiquiatras mais conservadores, hoje, tudo indica, de acordo com estudos efectuados em torno desta área, que as pessoas portadoras desta faculdade são pessoas perfeitamente normais, sem patologia psiquiátrica.
Novos ventos sopram para a medicina, em busca do ser humano numa perspectiva holística. A doutrina espírita, ou espiritismo, é precisos auxiliar da medicina em várias das suas áreas, sem no entanto a substituir ou com ela rivalizar, já que o objecto do espiritismo não é consertar corpos mas sim auxiliar o homem no seu auto-conhecimento, de onde vem, para onde vai e do porquê desta existência carnal, bem como explicar e demonstrar que a vida continua, que é possível comunicar com aqueles que já partiram para o mundo espiritual e que a reencarnação é uma realidade até então por muitos ignorada.
Para mais pormenores sobre este assunto aconselhamos uma visita à página da Associação de Divulgadores de Espiritismo de Portugal – ADEP, em http://www.adeportugal.org/ 

Artigos diversos
dezembro 08, 2009
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