O caso conta-se em poucas palavras. Uma nossa amiga desempregada anda de porta em porta à procura de trabalho (não de emprego) mas com muita dificuldade. De tal modo que foi a uma superfície comercial procurar emprego num supermercado: as condições eram apenas estas: entrada às 08h00, sem horário de saída (podendo ser até às 22h ou 24 horas), incluindo sábados, domingos e feriados, com dois dias de folga quando a administração decidir, tudo isto a troco de um ordenado mensal de cerca de 400 euros, para os que lá estão há mais tempo, sem horas extras, mesmo que as façam regularmente.
Falando com outro amigo, este bancário, caldense, referiu-me que no banco onde trabalho é prática corrente serem obrigados a trabalhar fora de horas e caso tenham o azar de serem multados pela inspecção do trabalho, as multas em vez de serem pagas pelo banco, são deduzidas ao fim do ano nos prémios de produtividade. Um outro amigo, também bancário, este na capital, afirma ter colegas de trabalho a ganharem cerca de 500 euros por mês, sem contrato e a terem de se sujeitar a tudo o que a administração decidir.
Dizia-me essa amiga, do primeiro caso, de que adiantou as pessoas terem lutado pelas liberdades após o 25 de Abril, pelo direito ao trabalho, direito à greve se agora tudo foi por água abaixo, estando as pessoas cada vez mais escravizadas por patrões sem escrúpulos que não olham a meios para objectivarem o lucro fácil?
Em «O Livro do Espíritos», de Allan Kardec, na terceira parte, aborda as Leis Morais, que são as leis de Deus, leis da natureza que não devemos violar sob pena de ficarmos sujeitos à reparação, tendo em conta a lei de causa e efeito ou de causalidade.
Na questão nº 682, Allan Kardec pergunta aos Espíritos:
«Sendo uma necessidade para todo aquele que trabalha, o repouso não é também uma Lei da Natureza?»
“Sem dúvida. O repouso serve para a reparação das forças do corpo e também é necessário para dar um pouco mais de liberdade à inteligência, a fim de que se eleve acima da matéria.”
683. Qual o limite do trabalho?
“O das forças. Em suma, a esse respeito Deus deixa inteiramente livre o homem.”
684. Que se deve pensar dos que abusam de sua autoridade, impondo aos seus inferiores excessivo trabalho?
“Isso é uma das piores acções. Todo aquele que tem o poder de mandar é responsável pelo excesso de trabalho que imponha a seus inferiores, porquanto, assim fazendo, transgride a lei de Deus.” (273)
A consciencialização da reencarnação levará o homem a um novo conceito de vida mais integral, holística.
A Doutrina Espírita alerta-nos para a necessidade do respeito mútuo, da defesa dos direitos humanos, do direito à vida, da obrigação moral da fraternidade e da entreajuda desinteressada, no sentido de melhorar o tecido social.
O homem inebriado no seu egoísmo vive como se esta vida corporal fosse a única, desprezando aqueles companheiros de jornadas que vieram numa condição social mais humilde. Uns e outros trazem provas diferentes: a riqueza e a pobreza, que lhes servirão de catapulta para o êxito, para a felicidade se souberem aproveitar bem o ensejo que a vida lhes proporcionou, ou para o inêxito e a infelicidade que o ser sentirá depois de largar o corpo de carne pelo fenómeno da morte, sentindo assim o remorso, o sentimento de culpa pela exploração egoísta do próximo.
Se o homem soubesse que a vida funciona como actos de uma peça de teatro, onde em cada reencarnação ele “incorpora” um novo personagem, olharia para o desgraçado, para o sem abrigo, para o necessitado, como um ser humano, seu irmão na criação divina e quiçá algum familiar ou amigo de vidas passadas ou em futuras existências.
A consciencialização da reencarnação (hoje comprovada pelas pesquisas científicas em torno da mesma um pouco por todo o mundo) levará o homem a um novo conceito de vida mais integral, holística, e assim ele passará a despir-se do seu orgulho, entendendo que a actual situação de poder, de comando, foi apenas mais uma oportunidade que a divindade lhe concedeu para ele evoluir e não para espezinhar ou explorar o próximo.
Recordemos as palavras sábias de Jesus de Nazaré: «A semeadura é livre mas a colheita é obrigatória», ou ainda, «A cada um segundo as suas obras».
Bibliografia:
Kardec, Allan: O LIVRO DOS ESPÍRITOS
http://www.adeportugal.org/ – curso básico de espiritismo
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dezembro 08, 2009
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