A opinião é unânime: o clima na Terra mudou devido ao
aquecimento global do planeta. No entanto, outro fenómeno, tão ou mais
preocupante, ocorre: o esquecimento (dos valores ético-morais) global na Terra,
que ameaça a vida em sociedade. Qual o contributo do Espiritismo para estas
situações?
Como se já não
bastasse a problemática do aquecimento global do planeta e a destruição dos ecossistemas
por parte do ser humano, na sua ânsia irracional de “ter” cada vez mais, numa
vida que rapidamente se dilui no tempo, vai ocorrendo na sociedade mundial
outro fenómeno interligado: o esquecimento global dos valores ético-morais.
Nestes últimos
dias, em Portugal, dois governantes foram demitidos por terem mentido,
apresentando-se como licenciados, quando não possuíam nenhum título académico.
Do ponto de vista ético-moral é uma situação tão grave, que num país civilizado,
seria um terremoto político, com demissões em massa.
O mesmo já ocorreu
noutros tempos, com outros partidos e outras figuras políticas.
Não nos move
nenhuma atitude de simpatia ou antipatia política.
Objectivamos
analisar apenas as atitudes dos seres humanos.
Vivemos momentos
graves, onde o que outrora era nobreza de carácter hoje é estar ultrapassado, o
que era roubo hoje é oportunidade, o que era mentira hoje é ponto de vista, o
que era dignidade hoje é fraqueza de espírito, o civismo é hoje trocado pela má-educação.
Vemos os professores
a serem maltratados pelos educadores, ao invés de os apoiarem, para educarem os
seus educandos.
Quando o exemplo
vem de cima, do Estado, com leis obscuras, com roubos sucessivos e desvios de
dinheiro privados e públicos por parte de entidades bancárias, com múltiplas
fraudes dos agentes políticos e económicos tornadas públicas, sem qualquer
consequência social, o povo, tende a seguir o mau “exemplo” de quem os governa.
Como educar as
crianças nas escolas e falar-lhes de virtude, em educação cívica, quando o
Ministro da Educação de Portugal, tendo conhecimento de um Chefe de Gabinete
ter mentido e não possuir nenhum título académico, mesmo assim manteve-o no
cargo, sendo conivente, até ao momento em que um jornal, “Observador.pt”, desmascarou
o caso?
Há quem diga que
o mundo não tem saída, não tem cura…
Na óptica da
Doutrina Espírita (ou Espiritismo), uma filosofia de vida que não é mais uma
religião nem mais uma seita, existe, sim, solução.
A solução passa
pela reencarnação de Espíritos mais honestos e sérios, que vêm reencarnando
desde o fim do século XX, na opinião de muitos benfeitores espirituais que se vêm
comunicando através de médiuns de todo o mundo.
Mas, mesmo
ocorrendo esse fenómeno da mudança parcial dos actores sociais, cumpre-nos, a
nós que estamos hoje no palco da Vida, fazermos a nossa parte.
Cumpre-nos sermos cidadãos activos no bem de todos,
sem desperdiçarmos recursos que pertencem à comunidade.
O mal só viceja,
pela ausência de atitude assertiva por parte dos bons.
Se nos cumpre sermos
tolerantes, compreensivos com tudo e com todos, cumpre-nos igualmente dar o
exemplo de honestidade, recusar mordomias ou ser beneficiado em detrimento de outrem.
Cumpre-nos
vivenciar que o ser humano não vale pelo que “tem”, mas sim pelo que é, como
pessoa.
Cumpre-nos
valorizar a honestidade, a autenticidade, ao invés de currículos pejados de
títulos, muitas vezes sabe-se lá a troco de quê.
Cumpre-nos
valorizar a solidariedade ao invés da competição.
Cumpre-nos pagar
ordenados justos aos empregados, mesmo que acima do estipulado em Lei.
Cumpre-nos dar o
nosso melhor, na condição de trabalhador, em prol do bem comum. Cumpre-nos
sermos cidadãos activos no bem de todos, sem desperdiçarmos recursos que pertencem
à comunidade.
Dos espíritas espera-se
a árdua tarefa de divulgarem a imortalidade do Espírito e a reencarnação,
baseadas em factos científicos, levando as pessoas a descobrirem que são seres
imortais, e que as suas atitudes e sentimentos, serão o único património que
levarão para o mundo espiritual, após o decesso do corpo físico.
Desse património
advirá o bem-estar, a paz, a felicidade ou a dor (de acordo com o nosso íntimo),
até que surja nova oportunidade de reencarnar na Terra, em nova experiência evolutiva,
intelectual e moral.
Aos espíritas
cumpre alertar para o “Esquecimento Global” dos conceitos
ético-morais que vige na sociedade, não só falando, escrevendo, mas acima de
tudo exemplificando.
Aos espíritas
cumpre mostrar que vale a pena Amar, ser honesto, autêntico, ter paz de
espírito, ao invés de ter os cofres cheios de tesouros, que a traça da
corrupção rapidamente consome, deixando no íntimo do seu autor focos de “infecção
espiritual”, a diluírem-se dolorosamente, em futuro próximo, no mundo
espiritual e / ou em futuras reencarnações.
Se Jesus de
Nazaré nos deixou o precioso ensinamento para não fazermos ao próximo o que não
desejamos para nós, o Espiritismo vem apontar o caminho da caridade como o
único que nos eleva espiritualmente, dentro da assertiva de que “Nascer,
morrer, renascer ainda, progredir sem cessar, tal é a Lei”.
30 de Outubro
de 2016
Bibliografia:
Kardec, Allan – O
Evangelho Segundo o Espiritismo
Lucas muito bem. Disto também eu me queixo. Até costumo dizer que os meus pais, me "educaram mal". Coitado do meu pai que fica aflito quando dizia isto. Agora já não digo. As pessoas com estes valores estão em "minoria", como sou teimosa, continuo a insistir no meu caminho coberto com os valores semeados desde a nascença. Sinceramente com muito orgulho mesmo. Bj
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