Sem alívio...


Suharto desencarnou (faleceu)! O antigo presidente indonésio governou o país durante mais de 30 anos. Considerado um dos líderes mundiais mais corruptos do mundo, foi responsável pela morte de 200 mil timorenses, sem contar os outros muitos milhares de mortos, aquando da sua chegada ao poder na década de 60. Voltou ao mundo espiritual, pelo fenómeno natural da morte do corpo físico. Sem alívio…

Há dias, em conversa com uma pessoa conhecida, esta afirmava que os políticos corruptos levam uma bela vida na Terra, e que depois morrem e acabou-se «safaram-se à grande e à francesa» afirmava o meu interlocutor.
Assim à primeira vista, este parece ter razão, e cegos a uma realidade que permanece à nossa volta – a realidade espiritual - o homem julga que a vida se confina apenas a esta existência. Embrenhado numa visão materialista, busca a todo o custo o seu bem-estar, sem cogitar do bem-estar alheio e da sua génese espiritual.
Com o advento da Doutrina Espírita (ou Espiritismo), que não é mais uma religião nem mais uma seita, o homem descobriu experimentalmente a imortalidade do Espírito, a comunicabilidade dos Espíritos, a Lei de Causa e Efeito, a Reencarnação e a Pluralidade dos Mundos Habitados.
Inúmeros cientistas e pesquisadores conceituados a nível mundial, desde meados do século XIX, vêm confirmando as assertivas da Doutrina Espírita, demonstrando a veracidade dos postulados então pesquisados por Allan Kardec, o eminente discípulo de Pestalozzi, que compilou a doutrina dos Espíritos, ditada por eles mesmos e pesquisada à saciedade.
O Homem, é apenas um viajante cósmico em busca da sua evolução espiritual e intelectual, sendo que cada vida corpórea se afigura como uma estação ferroviária, onde ele aporta, no comboio da vida eterna.
Assim sendo, facilmente é de depreender que havendo uma justiça divina, cada um terá de ser responsável pelos seus actos, não numa perspectiva castigadora, castradora, mas sim numa visão educativa, pedagógica, onde colhemos na Vida aquilo que semearmos, sejam afectos ou inimizades.
Com as colheitas de outrora, voltamos a novas existências corporais, carregados das nossas alegrias e tristezas, da nossa carga energética, da qual teremos mais cedo ou mais tarde de nos livrar, para nos podermos sentir em paz com a nossa consciência. É aquilo a que os espíritas denominam de Lei de Causa e Efeito (ou Lei de causalidade), que fica bem retratada no ensinamento de Jesus de Nazaré quando referia «a semeadura é livre mas a colheita é obrigatória».
Ficamos a meditar neste ser humano agora falecido, Suharto, e nos milhares de seres que provavelmente ainda envoltos nas ondas da revolta e do ódio, o esperavam pacientemente, para ajuste de contas pessoais, no mundo espiritual.

A Terra permanece como imensa escola de almas atribuladas
que ainda não aprenderam que o Amor é a antecâmara da felicidade
 
Não poderemos aquilatar dos sofrimentos inenarráveis por que terá de passar, pelas expiações difíceis que provavelmente terá na Terra ou noutros orbes, até que um dia, liberto da consciência culpada pelos crimes cometidos, enverede por uma nova trajectória, na sua ascensão em busca da felicidade, à qual todos, inevitavelmente estamos fadados, dependendo apenas do “timming” de cada um, atingirmos essa felicidade mais cedo ou mais tarde no grande concerto da Vida.
Ramos-Horta, presidente timorense deixa uma mensagem de esperança para o mundo atribulado, ao aconselhar «Não devemos guardar rancor», lembrando os sábios conselhos de Jesus de Nazaré deixados há dois mil anos, e que a humanidade teima em ignorar.
Ana Gomes, eurodeputada, fala em «Alívio».
No entanto, conhecendo as leis que regem o mundo espiritual, a Doutrina Espírita ensina-nos que esse alívio é apenas ilusório, já que o Espírito não morre, permanece vivo e activo no mundo espiritual, interagindo e influenciando o mundo terreno, voltando mais tarde, para resgatar os seus crimes, seja pelo sofrimento seja por acções em prol da humanidade.
A Terra, essa, permanece como imensa escola de almas atribuladas que ainda não aprenderam que o Amor é a antecâmara da felicidade pessoal e que nada tem a ver com posses materiais.
Por isso a morte de Suharto, não é um alívio para a humanidade, mas sim um belo ensinamento de como o ser humano não deve interagir no seu estágio terreno. Quanto ao que o espera, só Deus sabe…

Janeiro de 2008


Artigos diversos
janeiro 25, 2010
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