Porquê, meu Deus?


A pergunta apresentava-se dorida. A vida corre e escorre-nos das mãos sem que nos apercebamos. Um dia, a dor bate à porta sob mil formas diferenciadas, e nós questionamo-nos: porquê, meu Deus? 

O caso do Paulo é apenas mais um, que vem retratar a falência das religiões tradicionais para responder aos graves ditames da vida.
Criança esperta, inteligente, bom aluno, distingue-se dos demais nos seus 11 anitos. Filho único, mais que motivo para que as múltiplas alegrias ocupem o coração amoroso dos seus progenitores.
Repentinamente, o mundo desmorona… O choque afigura-se irreversível: um, dois, três acidentes vasculares cerebrais, colocam o Paulo, outrora poço de vida e de inteligência, ligado a uma máquina, em morte cerebral. O desespero toma conta dos familiares, que de porta em porta buscam o milagre, a salvação, a explicação que ninguém lhe dá.
A pergunta mantém-se inalterada: porquê, meu Deus?
Mariana apresenta-me a situação, em conversa do quotidiano. Tomou conhecimento do caso através de um amigo, familiar do pai do Paulo. Outra questão: como ajudar estes pais destroçados pela vida?
Puxando por meia dúzia de conceitos que a Doutrina Espírita (ou Espiritismo) me ensinou, faço-lhe ver que eles não estão destroçados pela vida, mas sim pelo desconhecimento dos mecanismos que envolvem a vida.
Habituados que fomos a termos uma espiritualidade de superfície, quase sempre alicerçada em rituais herdados nas religiões tradicionais, estas não respondem aos reais problemas existenciais.
Falámos dos conceitos espíritas, lógicos, evidentes, compreensíveis, pesquisáveis, demonstráveis e, somente com o conhecimento e entendimento da reencarnação (vidas sucessivas) podemos enquadrar semelhante situação.
Colhendo hoje o semeado outrora, conforme os ensinamentos de Jesus de Nazaré, a moderna psiquiatria vem nos dias que correm, corroborar tais assertivas, através da terapia de regressão de memórias a vivências passadas (desta e de outras vidas), demonstrando de modo irretorquível a realidade da reencarnação.
Homens ontem, crianças hoje em novos corpos, vimos reparar erros de outrora e reaprender, adquirir novos saberes, nessa busca incessante pela nossa felicidade e bem-estar interior.

A Doutrina Espírita explica ao homem de onde vem, para onde vai,
do porquê da vida, porque sofre e é feliz de modo dissemelhante.
 
Sendo a morte uma quimera, o Espírito eterno jamais se despersonaliza, adentrando o mundo espiritual com o acervo de conhecimentos conquistados ao longo das múltiplas existências. Nesse sentido, aquilo que agora se nos afigura como uma tragédia, não é mais do que um degrau na escalada evolutiva do ser, desprendendo-se das peias do passado em busca de melhores condições no futuro, na próxima vida no mundo físico. Dentro da divina bondade e equidade, cada um de nós encontra no palco da vida tudo aquilo que lhe é mais útil para a sua existência, para a sua libertação espiritual, mesmo que isso possa parecer, a curto prazo, algo de muito terrível.
Sabendo que a vida continua, que o Espírito tem múltiplas existências físicas e que voltará com nova oportunidade de vida longa, onde aprenda novos saberes em busca da evolução, entendendo a lógica da Lei de Causa e Efeito onde não existem privilégios perante Deus, e onde cada um encontra o fruto das suas atitudes no passado mais ou menos recente, a Doutrina Espírita explica ao homem de onde vem, para onde vai, do porquê da vida, porque sofre e é feliz de modo dissemelhante.
Nascer, morrer, renascer ainda, progredir sem cessar tal é a lei. Com o conhecimento do Espiritismo como filosofia de vida, o desespero dá lugar ao entendimento, a revolta à aceitação, a irreversibilidade dá lugar à certeza do reencontro com os seres amados.
Entender a vida é procedimento que urge (vida esta que se desdobra em dois palcos – terreno e espiritual) sem o qual a existência torna-se muito difícil de compreender e aceitar, levando aos caminhos sempre penosos e estéreis da revolta.
A questão inicial “Porquê, meu Deus?” encontra a resposta na Doutrina Espírita…
Como referia o eminente Allan Kardec, em meados do século XIX, na cidade luz, em França, uma das maiores caridades que podemos fazer, é a divulgação do Espiritismo, dentro do ensinamento cristão “não colocar a luz sob o alqueire…”

Bibliografia:
Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos
http://www.adeportugal.org/ - Curso Básico de Espiritismo


Artigos diversos
janeiro 26, 2010
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