ELEIÇÕES: NÃO USEM O ESPIRITISMO!

Assistimos, penosamente, ao fim da campanha eleitoral no país-irmão, o amado Brasil, onde o fanatismo, a falta de bom senso, a falta de educação, as manipulações religiosas e espirituais estão de braço dado com o primarismo do pensamento humano. Será que o Espiritismo tem algo a ver com isto? Obviamente que não!

Assistimos, espantados, a um vídeo via WhatsApp, enviado por pessoa amiga, onde um entusiasta de um dos candidatos, desferia 10 itens para votar nesse candidato, quais 10 mandamentos da lei de Deus.
Todos os argumentos apresentados são válidos, tendo em conta a liberdade de expressão e a liberdade de escolha dos governantes, aliás um dever cívico e moral.
No entanto, o infeliz entusiasta começava a recitação do seu “decálogo”, com “porque sou espírita-cristão, eu voto em…” misturando convicções pessoais acerca da Sociedade, crenças políticas pessoais – dos Homens – com a Doutrina dos Espíritos e, inclusive, citando itens de “O Livro dos Espíritos” e de outros autores espíritas, para ardilosa e falsamente, reforçar a sua ideia fanática de pensar, sofista e, acima de tudo, desligada da realidade espírita.

1 - O Brasil tem as suas leis – feitas pelo Homem.
O Espiritismo (ciência, filosofia e moral – que não é mais uma religião ou seita, mas uma filosofia de vida espiritualista, universal e universalista) baseia-se na Lei Natural, nas leis de Deus, nada tendo a ver uma coisa com a outra.

2 - O Brasil tem os seus chefes – humanos.
O Espiritismo não tem chefes, humanos nem espirituais, com a excepção de Deus, inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.

3 – O Brasil tem eleições a decorrer.
O Espiritismo não tem eleições a decorrer.

4 – O Brasil tem candidatos para governarem o país em determinado período de tempo. O Espiritismo não tem candidatos a governação nenhuma, a não ser, sermos candidatos a melhores pessoas, cada dia que passa, melhorando o nosso íntimo, numa postura universal e universalista, onde o lema “Fora da Caridade não há salvação”, fala mais alto que tudo o que é mundano.

5 - O Brasil tem dois candidatos com programas próprios, que pretendem implementar, com vista ao êxito do país, berrando, gritando, criando conflitos, inimizades, guerras, porque apenas um pode ganhar.
O Espiritismo não tem candidatos, tem um modelo e guia, Jesus de Nazaré, que nos deixou uma mensagem há dois mil anos, que ainda não quisemos colocar em prática – “fazer ao próximo o que desejamos para nós”.
O Espiritismo não grita, não berra, não cria atritos para divulgar a sua mensagem de paz, aliás esta mensagem deve ser passada no silêncio dos exemplos nobres. Com o Espiritismo não há um vencedor, todos ganham, pois se colocada em prática a Doutrina dos Espíritos, abrir-se-á campo à fraternidade, tolerância, compreensão, entendimento para todo o Homem, independentemente das suas convicções.

6 – Uma eleição política visa o êxito de um grupo restrito, de um partido político, contra todos os outros.
O Espiritismo não tem partido (parte de…).
O Espiritismo, por si só, é inteiro, pois inteira é a mensagem de Jesus de Nazaré, que se destina a todos os Homens, em todas as partes do planeta, universal e universalista, não estando contra ninguém.

7 – Os candidatos políticos têm o apoio de várias Igrejas.
O Espiritismo não apoia nenhum dos dois, pois não é uma Igreja, não tem chefes, representantes, sendo um movimento espiritualista, de livres-pensadores (dentro da perspectiva de Allan Kardec).

Qualquer espírita tem o dever e o direito de votar, escolher, apoiar, com educação e elevação, este ou aquele candidato. 

Nenhum espírita tem o direito de evocar o Espiritismo,
a obra de Kardec, o seu conteúdo e, tentar, com isso, influenciar
o voto de outrem, a favor do seu candidato. 

Além de ser mesquinho (quem o faz), demonstra um enorme desconhecimento do que é a Doutrina dos Espíritos, denota um fanatismo incompatível com os princípios doutrinários, uma falta de bom senso, uma tentativa de manipulação do próximo e, um primitivismo espiritual que não fazem parte dos horizontes de elevação espiritual, que o Espiritismo de Allan Kardec (não há outro) traz à Humanidade.
O Homem vive mergulhado em clubes de futebol, partidos políticos, religiões, tudo isto seitas sociais, devido ao seu medievalismo evolutivo.

Quando tivermos consciência espírita, deixaremos as seitas, para mergulharmos no mar imenso do nosso íntimo, procurando abrir as fontes da paz, da fraternidade, em prol de todo o Homem, sem excepção, na certeza de que “nascer, morrer, renascer ainda, progredir sem cessar, tal é a Lei”.