A Humanidade passa por uma
verdadeira revolução material e de ordem ético-moral, que, por sintonia,
acarreta auto-obsessões e obsessões de índole espiritual, por vezes verdadeiras
infestações sobre países e regiões do globo terrestre.
Quando era
suposto a Humanidade dar as mãos, ser mais cordata, colaboradora, fraterna, durante
uma pandemia que nos atingiu e vai atingir mais um ou dois anos, nós, seres
humanos, optámos por acções violentas físicas, verbais, mentais, tudo porque
estamos a viver muitas contrariedade e dificuldades.
Nesse contexto
de desarmonia mental, fogem amizade, zangam-se as comadres e instalam-se
obsessões espirituais cruéis, colocando uns contra os outros (in “O Livro
dos Espíritos” e “O Livro dos Médiuns”, de Allan Kardec).
Uma história
conta o caso de uma mãe que foi assistir ao juramento de bandeira do seu filho
e, ficou de tal maneira obcecada pela sua vaidade materna, que dizia,
posteriormente, às amigas, que o filho era o único que ia a marchar bem, no
pelotão de 30 pessoas, todos os outros (que iam com o passo acertado) iam mal…
Numa época em
que a medicina é verdadeira bênção divina, em que a tecnologia existente
permite comunicações e a partilha de dados a distância, em segundos,
conseguiu-se em tempo recorde a criação de vacinas contra a COVID19.
Várias
estratégias foram montadas, medidas de prevenção, umas acertadas outras
disparatadas, mas, como se costuma dizer na gíria militar, “em tempo de
guerra não se limpam armas”, isto é, temos de nos focar no essencial: o
bem-comum de toda a Humanidade e salvar o maior número de vidas.
Pese embora os
inúmeros os erros de análise e de acção ocorridos pelo mundo inteiro, pese
embora questões que se venham a colocar no futuro e a serem corrigidas, ninguém
no seu são juízo pode, em abono da verdade negar que as vacinas contra a
COVID19 tiveram um impacto brutal na diminuição do número de mortes com esta
doença.
E os espíritas
como pensam?
no
bem-comum, ao invés de pensarmos no nosso umbigo?
Infelizmente
pensamos como os outros, ignorando os nossos conhecimentos e convicções,
baseadas na experiência do quotidiano. Preferimos, assim, opiniões avulsas, ora
injectadas por “hackers” russos (entre outros) nas redes sociais, procurando
desestabilizar a Europa para daí tirar dividendos políticos, ora inventadas por
defensores das mais estúpidas teorias da conspiração que, em nada abonam a
favor do bom senso e da inteligência do ser humano.
Allan Kardec,
refere na Revista Espírita de Novembro de 1865 a existência de uma pandemia de
cólera. Entre 1845 e 1860 ocorreu a terceira
vaga que ceifou milhares de vidas no mundo. Segundo alguns historiadores, essa
pandemia causou o maior número de mortes no século XIX.
Allan Kardec, pedagogicamente afirmou
que o ser espírita não os livra da pandemia, mas o conhecimento espírita
aumenta a força moral do espírita, o que se repercute no sistema imunológico do
Homem.
Kardec comentou a necessidade da
serenidade, da oração, da mudança de hábitos, de não ter medo, da higiene e, de
seguirmos as medidas sanitárias decretadas pelo poder público, pois é dever
do espírita prolongar a vida, não por medo da morte ou apego, mas pelo desejo
de aproveitar bem o tempo, para progredir intelectual e moralmente.
Kardec refere em “O Livro dos
Espíritos” que o egoísmo é a raiz de todos os males, todos os defeitos.
Quando se invoca, sem qualquer
conhecimento científico, baseado em conversas de pé de orelha ou das redes
sociais, que temos o direito à opinião, esquecemos, como espíritas, que temos
mais obrigações que os demais cidadãos que desconhecem a imortalidade, a
reencarnação e a lei de causa e efeito.
Não tem o espírita o conhecimento da Lei
de Sociedade?
Não faz parte da convicção espírita a
caridade, solidariedade, colaboração, fraternidade, fazendo ao próximo o que
desejamos para nós?
Não devíamos, nós, espíritas, pensar em
primeiro lugar no bem-comum ao invés de pensarmos no nosso umbigo?
Não estará a imunidade de grupo ao nível
mundial à frente da postura mesquinha e egoísta, de ficar à espera de ver se os
outros morrem ou não, para decidir apanhar a vacina que tem salvo milhões de
vida, apesar dos mais de 4 milhões de mortos?
É que o egoísmo não se coloca só ao
nível pessoal, também existe o egoísmo social.
E nós, espíritas como estamos?
Nota – Este artigo de opinião não vincula a doutrina espírita nem as associações às quais o autor dá colaboração.
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