Todos os anos existem vários prémios de melhor
fotografia do mundo, que geralmente aliam a arte à beleza, entre outros
parâmetros, intrínsecos a cada concurso. Um dos concursos mais conhecidos é o “World
Press Photo” que este ano escolheu como a “melhor fotografia do ano”, a que
captou o grito de Mevlüt Mert Altintas, o homem que disparou contra o
embaixador russo na Turquia.
Ao ler a
notícia e sendo um apaixonado pela fotografia e pela Natureza, senti-me
desconfortável, algo não estava bem.
Remexi-me
na cadeira, fiquei inquieto, voltei a ler.
Lá estava o
louco, de arma em punho, um corpo morto no chão, e o título de “melhor fotografia do ano”.
Não, algo
não está bem, era suposto sentir admiração pela arte de fotografar, pelo
objecto fotografado, pela qualidade e não foi isso que aconteceu.
Senti
incómodo… senti-me incomodado…!!!
Quando o
mundo inteiro rebenta pelas costuras com tanta violência, quando tantos
jornalistas morrem em situações de combate ou de violência, são os próprios
jornalistas que escolhem com a “melhor do
mundo” aquilo que mais jornalistas mata: a violência!
Algo não
está bem…
Pode-se
argumentar com o que se quiser, com a calma, o sangue-frio do fotógrafo, o
risco, seja lá o que for, nada justifica que uma foto que incita à violência
seja escolhida como a “melhor” do
mundo.
Como mudar
o mundo se as músicas tiverem letras agressivas, chulas e / ou violentas?
Como mudar
o mundo se a 7ª arte tiver o seu êxito baseado na violência?
Como mudar
o mundo quando a TV tem níveis de audiência enormes graças ao escândalo, ao
sensacionalismo?
Como mudar
o mundo quando os jornais, sem qualidade ortográfica nem de conteúdo,
esforçam-se por vender crimes hediondos?
Como mudar
o mundo quando pensamos que a melhor notícia é a que fere mais a sensibilidade
humana, pela negativa?
Como mudar
o mundo quando os líderes políticos esforçam-se por se denegrirem mutuamente, o
mais possível, em busca de votos?
Como mudar
o mundo quando a foto de um assassinato é a “melhor” do mundo?
Como mudar
o mundo se não mudamos nós mesmos?
A Doutrina
dos Espíritos (ou Espiritismo), que não é mais uma seita ou religião, mas sim
uma filosofia de vida, vem mostrar-nos quem somos, de onde viemos e para onde
vamos, ao longo dos milénios, provando a imortalidade do Espírito, a
reencarnação, e a Lei de Causa e Efeito.
Não há um caminho para a paz, a Paz é o
caminho!
(Mohandas Gandhi)
Nesse
sentido, o Espiritismo é o maior preservativo contra o suicídio, o aborto, a
eutanásia e toda a forma de violência, seja de que tipo for.
Aprendemos
com a doutrina dos Espíritos, que somos o produto do que fomos ontem (ao longo
dos milénios, nas sucessivas reencarnações) e que seremos na próxima existência
física, o que somarmos nesta vida carnal.
Como nos
damos ao luxo de exigir paz se promovemos a guerra, o ódio, a violência, mesmo
que sob a capa da “arte”?
Jesus de
Nazaré, o Espírito que serve de modelo e guia para a Humanidade, na opinião dos
Espíritos superiores, deixou ensinamentos simples, mas eficazes, sendo um deles
que, a semeadura é livre, mas a colheita é obrigatória.
Por muito
mérito que o referido fotojornalista tenha, deixem-me que considere a sua
fotografia a “pior” do ano, sem
sombra de dúvida…
E nós, que
fazemos diariamente pela paz, ao nível do pensamento, dos sentimentos, das
atitudes?
Se queremos
um mundo melhor, temos de ser melhores, ter melhores gostos, ter melhores
atitudes, fazermos pedagogia pela paz em tudo o que falamos, obramos,
escrevemos, no nosso quotidiano.
Parafraseando
Mohandas Gandhi, não existe um caminho para a paz…
A Paz… é o
caminho!
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