Nilson de Sousa Pereira, nasceu em
Salvador em 26 de Outubro de 1924 e desencarnou às 4h40min de 21 de Novembro,
em Salvador, aos 89 anos. Tio Nilson, como era carinhosamente chamado, fundou,
juntamente com o médium Divaldo Pereira Franco, no dia 7 de Setembro de 1947, o
“Centro Espírita Caminho da Redenção”, e, em 15 de Agosto de 1952, o braço
social da instituição, a “Mansão do Caminho”. Foi telegrafista do Ministério da
Marinha, trabalhou na Empresa de Correios e Telégrafos e foi bancário. Organizou
vários livros da lavra mediúnica de Divaldo Franco: “Terapia espírita para os
desencarnados”, “A serviço do Espiritismo – Divaldo na Europa”, “... E o amor
continua”, “Exaltação à vida”, “Vidas em triunfo” e “Viagens e entrevistas”.
Mas também escrevia para a revista “Presença Espírita”, editada há 38 anos pelo
“Caminho da Redenção”.
Em 30 de Dezembro
de 2005 foi agraciado (tal como Divaldo Franco) com o título de Embaixador da
Paz no Mundo, concedido pela “Ambassade Universelle pour la Paix”, em Genéve
(Suíça), capital da Organização Mundial da Paz, ligada à ONU. Tornou-se, assim,
o 206º Embaixador da Paz no Mundo.
2 - Quem era Nilson, que tipo de pessoa era?
Nilson foi, na Terra, um
homem jovial e encantador, dedicado ao trabalho do bem desde que travou contato
com o Espiritismo no ano de 1945. Na ocasião era
marinheiro, posteriormente telegrafista dos Correios e, por fim, bancário, em
cujo labor aposentou-se.
Portador de uma dedicação
incomum, era considerado o “homem dos sete instrumentos”, pela sua capacidade
de exercer as mais variadas funções em nossa Instituição, consertando tudo
quanto lhe chegada às mãos. Responsável pela
edificação de todo o conjunto de casas, departamentos e residências da
comunidade Mansão do Caminho, instalações elétricas, água e serviços gerais. Antes de tornar-se
espírita aos 23 anos de idade teve namoradas e quase ficou noivo.
Posteriormente entregou-se totalmente à obra de amor e quase não dispôs de
tempo para materializar outras aspirações. Era alegre e jovial, mas
sério e responsável, sendo muito respeitado e amado.
3 - Como nasceu a vossa amizade, como se
conheceram, como nasceu o projecto de, em conjunto, construírem a Mansão do
Caminho? E que tipo de cidadão era?
Em 1945 eu ensinava português
em uma Escola de datilografia, auxiliando os alunos que tinham dificuldade com
o idioma. Eu estava com 18 anos. Nilson e amigos matricularam-se na Escola no
mês de fevereiro e passei a ministrar-lhe e aos companheiros noções do idioma
pátrio. Nesse ínterim seu genitor enfermou gravemente e sabendo-o
prontifiquei-me a visitá-lo, constatando que se tratava de um transtorno
obsessivo de consequências orgânicas. Apliquei-lhe a terapia dos passes, da
água fluidificada, os Benfeitores orientaram-no no tratamento homeopático e ao
recuperar-se, toda a família tornou-se espírita.
O projecto da Mansão do
Caminho é resultado de uma visão psíquica de que fui objeto, quando ambos
retornávamos de uma visita a uma jovem obsidiada e nos encontrávamos num
comboio ferroviário. Ao descrever-lhe o que vi, ele desenhou e guardou, os
detalhes apresentados, vindo a materializar-se, por volta de 1955... Ao adquirirmos uma área
de 86 mil metros quadrado, ele começou a construir a comunidade conforte o
desenho que fizera, resultando no que hoje existe. Antes as crianças viviam
em um edifício de 3 andares, então
denominado Orfanato, que recebeu o nome de Mansão do Caminho. Era um cidadão
eminentemente pacífico e trabalhador.
4 - É verdade que ele mandava o Divaldo
deitar-se no banco de trás do carro, para não o incomodar, pois o Divaldo
confundia os vivos com os mortos (risos...?)...Que outras histórias pitorescas que ache oportuno
partilhar?
Realmente, no período de
educação da mediunidade, o fenómeno era tão pulsante que me levava à
dificuldade de distinguir aquilo que era objetivo do que se passava no campo da
paranormalidade. Eu via acidentes e assustava-me, obrigando Nilson a mandar-me
para a parte de trás do carro, a fim de não o atrapalhar. Dessa forma não
aprendi a conduzir veículos até hoje. Muitas vezes, eu era
apresentado a uma pessoa e via-lhe o semblante. Ao reencontrá-la, apresentava
outra face, o que muito me confundia, porque dependia do acompanhamento
espiritual daquele momento.
O papel de Nilson na
Mansão do Caminho era de fundamental importância. Porque além de ser o grande
trabalhador, também era o presidente do Centro Espírita Caminho da Redenção e
de todos os seus departamentos, incluindo a Mansão. Não se detinha, porém, no
que lhe era dever realizar, mas estava sempre disposto aos labores que se
apresentavam, o que não eram poucos.
Dormia pouco, a fim de
atender a todos os compromisso, nunca ultrapassando 4h30 em média diariamente.
6 - Nilson sempre viveu na sua retaguarda, apesar
de caminharem lado a lado. Deu-lhe muito apoio nas suas viagens de divulgação
espírita pelo mundo fora. Que tipo de espírita era, que tarefas espíritas
tinha, como o classificaria, como espírita?
Em razão do seu caráter
de homem de bem, jamais se apresentava, mantendo-se sempre discreto em todas as
situações, em Salvador ou viajando pelo mundo. Era-me, no entanto, o grande
apoio, a solidariedade, o concurso amigo para quaisquer situações. Embora de formação
cultural primária, escrevia muito bem e falava com correção de linguagem. Era um verdadeiro
espírita, conforme o conceito apresentado por Allan Kardec.
7 - Ele recebeu um alto galardão como cidadão
mundial defensor da paz. Como foi isso, quer explicar-nos?
Para nossa surpresa, no
mês de dezembro de 2005, nós os dois fomos indicados como Embaixadores da Paz
no mundo, sem jamais sabermos como isso aconteceu em Genéve, através do
Instituto para a Paz no Mundo.
8 - De acordo com um livro publicado, Nilson
teria sido seu irmão, ambos filhos de Joana de Cusa, e Nilson foi sacrificado,
juntamente com sua mãe Joana de Cusa, actualmente sua guia espiritual, Joanna
de Ângelis. Que outras ligações teve com Nilson que se
recorde?
Em realidade, conforme as
informações espirituais, ele teria sido queimado vivo com sua mãe, Joana de
Cusa, que mais tarde se identificaria como Joanna de Ângelis. Ainda, segundo as mesmas
fontes, teríamos ambos retornado ao conhecimento e convivência da doutrina
cristã ao tempo de Francisco de Assis, na Úmbria e, posteriormente na
Escócia...
9 - Nilson teve vários problemas de saúde graves e
desencarnou de cancro. Todas essas dores foram expiação
ou contingências de um ser terreno, em provas escolhidas?
As problemáticas na área
da saúde foram decorrência de comportamentos infelizes em existências passadas,
que ele soube administrar muito bem, sem jamais haver-se queixado ou reclamado.
Sempre paciente, foi um exemplo de resignação.
10 - 40 dias depois da sua desencarnação ele
comunicou-se por si através da fala (psicofonia). Como foi esse momento? Divaldo
assistiu ou participou na desencarnação do Nilson?
Havíamos combinado que ao
ocorrer qualquer problema com um de nós, o outro continuaria no trabalho. Desse
modo, durante toda a sua enfermidade final, eu mantive a programação de viagens
e os compromissos firmados, indo ao Hospital para o acompanhar nas demais
horas. Quando ele desencarnou eu
me encontrava em viagem e prossegui, não havendo participado do seu
sepultamento. Ao concluir o labor e
retornar, fui diretamente ao cemitério, orar junto à sua tumba, sem extravasar
a imensa dor que me dominava e ainda permanece mais suavizada. Nesse ínterim, após a
desencarnação, tive uma visão dele, quando do nosso Movimento Você e a paz, ele
apareceu-me amparado pela Benfeitora Joanna de Ângelis e acenou-me sorrindo. Posteriormente, num
momento de profunda reflexão e dor, ouvi-lhe a voz, que me disse: “- Di, não quero você triste nem deprimido. A
sua alegria é importante para auxiliar outras pessoas...”
No dia da mensagem psicofónica,
vivenciei sentimentos de interiorização até o momento, na reunião, quando ele
ofereceu-nos a página consoladora, durante um transe inconsciente de minha
parte, que muito me refrigerou o coração e a mente.
11 - Palavras finais sobre Nilson Pereira e outras
aos leitores do Jornal de Espiritismo.
Espero que o exemplo
desse homem nobre e simples, sirva de demonstração atual de que é possível
viver Jesus nos dias modernos.
(Entrevista concedida por Divaldo Pereira Franco em 2 de Dezembro de 2013, ao Jornal de Espiritismo, Portugal, publicada na edição nº 63 de Março-Abril de 2014).
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março 20, 2014
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Exemplo a seguir.
ResponderEliminarSaibamos nós interiorizar este grande ensinamento de vida.
OBS. Um correcção, penso que esta entrevista aconteceu em Dezembro de 2013 e não em 2014 conforme mencionado, penso ser útil fazer a correcção.
Muito obrigado pelo alerta da data, foi um erro de digitação, já corrigido :-)
ResponderEliminar"De acordo com um livro publicado..." Por gentileza, alguém sabe de qual livro se trata? Grato.
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