António, o desconfiado
Estava sempre carrancudo
Se alguém o saudava
Respondia com’ um mudo
Tão desconfiado era
Que não confiava em ninguém
Se alguém lhe sorria
Respondia com desdém
Juntou ouro e mais ouro
Sem que alguém soubesse
Pois desconfiava que
Um familiar o quisesse
António, o desconfiado,
Como era chamado
Não tinha amigos
Em qualquer lado
Um dia, o desconfiado,
Sentiu no peito uma dor
Partiu para o Além
Com grande temor
Temia o coitado
Que lhe roubassem o tesouro
E o pobre desconfiado
Eternizou-se junto ao ouro
Tão bem enterrado estava
A sua preciosidade
Que ninguém o encontrou
Por toda a eternidade
António, o desconfiado,
Ao lado dele ficou
Anos e mais anos
E durante anos penou
Estava perto de casa
Junto ao galinheiro
Mas não via ninguém
Só queria o seu dinheiro
Dezenas de anos depois
Sua mãe por ele orou
E António, o desconfiado
Voltou à Terra, reencarnou
É agora um petiz
Que brinca junto da avó
Na casa onde viveu
E onde sempre esteve só
Num dia de mudança
Um armazém se erigiu
No sítio do galinheiro
O ouro surgiu
Dia de grande festa
Para a família do petiz
Que nem desconfiava
Donde vinha o ouro feliz
Se és desconfiado
Aprende esta lição
Pois quem é egoísta
Sofre sempre desilusão
Sê aberto, sincero
Amigo de tod’a gente
Seja um familiar
Ou um indigente
O apego à matéria
E a desconfiança interior
Só te trazem na vida
Momentos de temor
Se queres ser feliz
Sorri para a Vida
Confia, ama e serve
Ao longo da tua lida
Poeta alegre
Psicografia recebida por JC,
na reunião mediúnica do CCE, C. Rainha, Portugal, em 13 Setembro 2011
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