O "médium-sorriso" partiu...

 O "MÉDIUM - SORRISO" PARTIU…

 

Divaldo Pereira Franco, espírita, educador, médium, foi o maior divulgador da doutrina espírita de que há memória. Falou pelos quatros cantos do mundo, anos a fio, escreveu mais de 200 livros ditados pelos Espíritos, traduzidos para várias línguas, e exemplificou, criando a Mansão do Caminho, obra assistencial de renome mundial. Partiu para o mundo espiritual no dia 13 de Maio de 2025, aos 98 anos de idade.

1 -
O Espiritismo e o seu crescimento em Portugal, está inegavelmente ligado ao médium Divaldo Franco. O Espiritismo foi perseguido pelo regime ditatorial de Salazar, que confiscou os bens da Federação Espírita Portuguesa e encerrou a maioria dos centros espíritas. Mesmo assim, Divaldo veio a Portugal, às escondidas, levando a cabo uma palestra no Ribatejo, na sala de uma residência, onde os espíritas se amontoavam para ouvirem a palavra sábia do tribuno baiano. Porque não era permitida a associação de pessoas, os portugueses iam entrando, discretamente, um a um, espaçados no tempo, não fosse e polícia política (PIDE) aperceber-se que havia ali uma reunião não autorizada.
Chegado o momento da palestra, Divaldo encantou como sempre, com o seu verbo lúcido e cativante. De vez em quando, as cerca de 50 pessoas amontoadas naquela pequena sala da casa de um dos espíritas presentes, levantavam as mãos no ar e abanavam num movimento para a frente e para trás. Divaldo estranhou tal procedimento, desconhecendo aquela espécie de ritual, que nunca vira em lado nenhum. No fim da palestra, o procedimento de saída era igual, um de cada vez e espaçados no tempo, para não atrair a atenção de algum elemento da PIDE, que andasse na rua. Divaldo perguntou ao dono da casa porque as pessoas abanavam tanto as mãos, em silêncio, durante a palestra, ao que este respondeu que eram palmas para o palestrante. Tinha de ser assim, para não haver barulho, que chegasse à rua e fossem, quiçá, incomodados pela PIDE e até presos.

2 -
Durante este regime ditatorial, Divaldo Franco foi a Angola, a convite de espíritas portugueses que lá residiam. Efectuou várias palestras e, numa das psicografias que recebeu nessa altura, um padre português, antropólogo muito conceituado, o Monsenhor Alves da Cunha, que vivera em Angola, voltou do Além para deixar uma mensagem (incluída lo livro “Sol de Esperança”) onde pressagiava o banho de sangue que viria a acontecer em Angola após o golpe de Estado do 25 de Abril de 1974, que acabaria por derrubar a ditadura. Quando a polícia política teve conhecimento da mensagem, já Divaldo estava no Brasil. Foi considerado persona non grata e, como tal, impedido de voltar a pisar solo português, só o voltando a fazer após a queda do regime fascista.

3 -
Após o golpe de Estado que devolveu a liberdade aos portugueses, Divaldo Franco ia a Portugal todos os anos, por vezes, duas vezes ao ano, a convite da Federação Espírita Portuguesa, com programas pesados, difíceis, aos quais nunca se esquivou.
Além das palestras, workshops, seminários, ouvia e aconselhava filas intermináveis de pessoas que, ora queriam um conselho, ora um autógrafo para os livros espíritas por si psicografados, cuja receita revertia integralmente para manter a Mansão do Caminho, em Salvador, na Bahia.
Com o movimento espírita português desarticulado, a renascer das cinzas, Divaldo Franco foi o obreiro incansável do seu reerguimento, contribuindo para a qualidade do mesmo. Tanto fazia uma reunião de orientação de trabalhadores com 6 ou 7 pessoas, como fazia palestras eruditas na Universidade de Coimbra, dava entrevistas a jornais, revistas, rádios e televisões portuguesas, deixando um rasto de credibilidade da doutrina espírita, por onde passava.
Os fenómenos de efeitos físicos eram frequentes, durante os seus seminários, workshops e palestras. Certa vez, em Viseu, num evento de cariz nacional, ao cruzar-me com Divaldo Franco e outros, por mero acaso, num corredor, dele exalava forte cheiro a éter, que a todos espantava. Mais tarde, em 1994, na cidade do Porto, num seminário, Divaldo chamou-me, sem que nos conhecêssemos bem, dizendo que o seu guia, Joanna de Ângelis, pedia para eu adquirir uma garrafa de água, a fim de ser magnetizada em meu benefício orgânico. Assim o fiz e, quando me devolveu a garrafa para tomar um pouco de água, todos os dias ao deitar, esta cheirava e sabia intensamente a rosas. Sempre que a garrafa estava a meio, eu enchia-a com água de igual marca e, o sabor e cheiro a rosas manteve-se durante… 4 meses!
Tempos mais tarde, adquiri numa livraria comum, um livro (não espírita) intitulado “Medicina Vibracional” de Richard Gerber, onde referia várias experiências com magnetizadores / curadores, com água, que era analisada por espectroscopia por infravermelhos, em laboratório, em que a estrutura molecular da água era alterada após a magnetização mediúnica. Esta alteração molecular mantinha-se, dizia o Dr. Edward Brame, durante… 4 meses! Posteriormente, em “O Livro dos Médiuns” encontrei uma referência em que Kardec afirmava perentoriamente, que a magnetização alterava a estrutura molecular da água (reconfirmada cientificamente 100 anos depois de Kardec).

4 - Divaldo Franco viajava sempre
com a mala cheia de preciosos sorrisos, que distribuía por todos sem excepção. O seu verbo fácil e generoso era contagiante, bem como a sua imagem de marca – o sorriso quase permanente.
Onde estiver, Divaldo, muito obrigado por tudo quanto fez por nós, portugueses, pelo seu exemplo, pelo seu conhecimento, pelo seu labor mediúnico, bem como pelo seu inabalável sorriso que todos guardamos na memória e que procuramos reproduzir nas nossas vidas.
Muito obrigado Divaldo… 

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maio 20, 2025
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