Eva Mozes Kor |
O perdão é uma
das atitudes mais sublimes do Homem, numa demonstração da sua capacidade de se
superar espiritualmente, a caminho de novos patamares evolutivos. Outrora
considerada uma atitude dos santos, hoje vemos que está ao alcance de qualquer
um que o queira fazer. Perdoar, é preciso…
Perdoar é preciso, faz falta à Humanidade como de
pão para a boca.
Perdoar é, igualmente, preciso (de precisão), pois alcança fatalmente o perdoado, com um impacto fatal.
Perdoar é, igualmente, preciso (de precisão), pois alcança fatalmente o perdoado, com um impacto fatal.
O poder do perdão é tão grande que Jesus de Nazaré,
há dois mil anos, apontava esta prática como o caminho para a espiritualização
do Homem, ao recomendar perdoar os inimigos, perdoar 70 x 7, isto é, sempre.
Perdoar não é esquecer (tudo o que nos acontece fica
gravado no nosso psiquismo); perdoar não é amar de igual modo o criminoso ou
alguém que nos ame muito. Obviamente, temos sentimentos diferentes
relativamente aos demais, variando com a maior ou menor afinidade que tenhamos
com essas pessoas.
Mesmo lembrando o mal que nos possam ter feito,
mesmo que gostemos mais ou menos desta ou daquela pessoa, conforme as
afinidades, o ensinamento que Jesus (o grande psicoterapeuta da Humanidade, no
dizer do Espírito Joanna de Ângelis) deixou é, que é sempre possível perdoar.
Isso significa entender o outro, entender porque agiu
de determinada maneira; significa compreender que é um Ser em evolução, mesmo
errando, mesmo prejudicando; significa ter uma visão holística da Humanidade, a
espraiar-se pelos séculos sem fim, ao longo das reencarnações, saber e sentir
que, amanhã, esse Ser hoje condenável socialmente, será melhor, atingindo o
vértice da evolução espiritual, um dia, dentro da lógica das vidas sucessivas e
progressivas (O Livro dos Espíritos,
Allan Kardec).
Perdoar não significa ser condescendente com o erro,
não significa omitir-se, desculpar o crime, mas sim, independentemente da
aplicação coerciva das leis humanas, entender, não odiar, não desejar mal,
sentir apesar de tudo, o espírito de irmandade universal que a todos nos liga,
nos múltiplos patamares evolutivos de cada um.
Quando se atinge esse estado, o Homem pacifica-se
por dentro, serena, age em conformidade com a sua tranquilidade interior,
independentemente do que aconteça exteriormente.
O poder do
perdão
é incomensurável.
Toca o coração
do bom e do
miserável.
(Poeta alegre, in Histórias que os
Espíritos Contaram, Vol I, Ed. FEP)
1 - Há cerca
de 35 anos, um amigo que se tornou verdadeiro guia espiritual na Terra, contou-me
um caso de um criminoso americano, condenado a prisão perpétua. Esse homem,
foi-se encantando com um passarinho que, pousava na grade da janela da sua cela.
Interessou-se por ornitologia, foi estudando e tornou-se num especialista
mundial, contribuindo com o seu saber para a Humanidade. Se não fosse o perdão
dos seres humanos (que não o levaram à cadeira eléctrica) ter-se-ia perdido
esse conhecimento, essa oportunidade de evolução do próprio e de todos, em
geral.
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Carta de Obama estimulando a indultada |
2 - Danielle Metz, nos EUA, foi presa em 1993 e
passou 23 anos na cadeia por tráfico de droga. Originalmente foi condenada a
três penas perpétuas e a mais 20 anos.
Na prisão começou a estudar e, em 2016, 23 anos
depois de ser detida, o ex-Presidente Barack Obama, concedeu-lhe um indulto.
Voltou a Nova Orleães e conseguiu emprego a empacotar caixas de comida para os
mais pobres, junto de uma organização de solidariedade social. Aos 50 anos
inscreveu-se na universidade da sua cidade e este ano finalizou a licenciatura
em Assistência Social com uma das médias mais altas. (in jornal Expresso, Portugal, 12 Julho 2019)
3 - Eva Mozes Kor chegou ao campo de concentração Nazi,
em Maio de 1944. Perdeu os pais e as duas irmãs mais velhas numa câmara de gás
em Auschwitz e serviu, tal como a irmã gémea Miriam, de cobaia às mãos de Josef
Mengele, o “anjo” de morte. Refez a vida em Israel e nos Estados Unidos e ensinou o valor do perdão.
Eva Mozes Kor, uma das sobreviventes do Holocausto, depois
de testemunhar contra o “contabilista” do campo de concentração de Auschwitz,
perdoou o seu carrasco. Morreu em 2019, aos 85 anos, deixando uma mensagem notável ao mundo: “Perdoem os
vossos piores inimigos”. (cf. jornal
Expresso, Portugal, 6 Julho 2019)
Depois dos exemplos de Ghandi, Martin Luther King,
Nelson Mandela e tantos outros missionários do Amor na Terra, a mensagem do
maior exemplo do perdão, Jesus de Nazaré, mantém-se actual, exequível,
imprescindível para a evolução intelectual e moral da Humanidade.
Dois mil anos depois, continuamos distraídos, a
investir na estratégia oposta (ódio, inveja, egoísmo), no entanto os casos aqui
referidos demonstram que é possível perdoar, é possível amar na diferença.
A paz é o
caminho, perdoar é… preciso!
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