O Espiritismo (Doutrina
dos Espíritos ou Doutrina Espírita) é uma ciência de observação, é filosofia e
é moral. Não é mais uma seita ou
religião. É uma filosofia de vida, assente na experiência científica e
radicada na moral de Jesus de Nazaré.
O Espiritismo
apareceu oficialmente em 18 de Abril de 1857, com o lançamento de “O Livro dos
Espíritos”, de Allan Kardec. A codificação espírita engloba 20 livros (os 5
considerados fundamentais, 12 volumes de “A Revista Espírita”, “O Espiritismo
na sua mais simples expressão”, “Viagem Espírita em 1862” e “O que é o
Espiritismo”. “Obras Póstumas” também é de considerar, embora não tenha sido
editada por Kardec).
Allan Kardec
codificou a Doutrina dos Espíritos de forma tão zelosa e sólida, que ainda
hoje, 161 anos depois, não conseguimos entender o seu alcance e profundidade.
Os alicerces estão lá, para hoje e para o futuro, como uma janela aberta ao
devir, nos inúmeros campos do conhecimento.
Os movimentos
espíritas são grupos de pessoas que gostam de estudar, praticar e divulgar o
Espiritismo, cada movimento com as idiossincrasias próprias do grupo humano,
que se une por afinidade. São muito válidos e desejáveis, desde que o bom senso
prevaleça. Um movimento espírita pode-se radicar num Centro Espírita, num grupo
familiar, na edição de um jornal ou revista, programa de rádio, num sem fim de
oportunidades de movimentar o Espiritismo, dando-o a conhecer, não com o
sentido proselitista mas sim para esclarecer e consolar uma Humanidade, que
ainda não descobriu que é imortal, que a reencarnação é uma verdade científica
e que existe uma Lei de Causalidade.
Como os
movimentos são feitos por Homens, é provável que existam discrepâncias
doutrinárias ou no modus operandi
destes ou daqueles espíritas.
É normal que num Centro Espírita se vendam livros, jornais e
revistas espíritas (com lucro mínimo, pois o objectivo é divulgar).
O resto, como vender
cafés, bolos, comida, louças, bazares, rifas, roupas, etc, não faz sentido
dentro de um Centro Espírita.
O Centro Espírita deve ser simples,
sem fotografias de Kardec, Jesus, do dirigente do Centro, etc, sem a
tradicional toalha branca rendada, tudo reminiscências do catolicismo, de onde
quase todos viemos.
Não tem mal
nenhum, mas não são práticas espíritas.
O Centro Espírita tem de cativar o coração
dos seres mais simples que lá apareçam.
O Espiritismo não está à venda, e não pode ser vendido,
pois pertence à espiritualidade superior
que o ofereceu à Humanidade.
Não faz sentido, por exemplo, ver
palestrantes, que se deslocam a Portugal duas e três vezes por ano, sem
qualquer mais-valia doutrinária, com o objectivo de… vender livros, entre
outras coisas. A falta de sentido crítico dos dirigentes espíritas portugueses,
vai alimentando este vil comércio.
Não faz sentido, efectuar eventos
espíritas a preços chorudos, como congressos, workshops, seminários. Estes,
devem ser sempre que possível, ao preço mínimo ou gratuitos, se possível, a fim
de possibilitar aos espíritas pobres terem acesso ao mesmo conhecimento que os
espíritas endinheirados.
Não faz sentido palestrantes
”estrelas” que, quando convidados para divulgar o Espiritismo no estrangeiro,
fazem todo o tipo de exigências, como o pagamento da viagem da esposa e outras.
Quem serve a Deus não põe condições.
Não faz sentido, as conferências
espíritas transformarem-se em “shows”, onde se projecta o ego em vez de se
projectar o Espiritismo.
Não faz sentido os “sites” pagos
na Internet, as páginas pagas no youtube, divulgação doutrinária com “direitos
de autor”, quando os autores do Espiritismo foram os Espíritos.
Não faz sentido que o espírita,
para ter acesso ao conhecimento espírita, tenha de pagar, havendo oportunidade
de divulgar o Espiritismo com simplicidade e profundidade, no Youtube,
gratuitamente!
Não faz sentido o proliferar de “web-tv’s”
com o objectivo de vender material didáctico espírita.
Não faz sentido, aceitar donativos
de frequentadores do Centro Espírita, pois muitos deles, em sofrimento, pedindo
auxílio, acabam por querer “pagar” o alívio concedido pelos bons Espíritos (que
não cobram nem aceitam dinheiro).
O Centro Espírita ou é auto-suficiente, ou não é.
Têm de ser os sócios do Centro Espírita a suprir as necessidades do mesmo, sob
pena de estarmos a catolicizar (no que concerne ao dinheiro) os centros
espíritas.
No campo das
ideias, existe o chamado “recuo evolutivo” (quando o Homem vai adaptando novas
ideias à sua maneira de ser, desvirtuando a nova ideia). É importante que não
voltemos a cair nesse erro e / ou que saiamos dele rapidamente.
É fundamental
devolver a simplicidade do Espiritismo ao Centro Espírita.
No Espiritismo
não há lugar a pagamentos, nem a um simples obrigado. Se houver comércio, mesmo
que disfarçado de “caridade”, aí não está o Espiritismo!
O Espiritismo não está à venda, e não pode ser vendido, pois
pertence à espiritualidade superior que o ofereceu à Humanidade.
Janeiro 2019
Pontos de vista interessantes, embora carentes de citações da literatura espírita para sustentar os argumentos.
ResponderEliminarApresento a seguir duas citações doutrinárias que inspiram reflexão sobre o tema abordado:
1. Diálogo entre Paulo e Simão Pedrão sobre recursos para a Casa do Caminho:
"Paulo compreendeu que Pedro tinha razão. No entanto, ansioso de proporcionar independência aos esforços dos irmãos de ideal, considerou:
— Advirto, então, que precisamos instalar aqui elementos de serviço que habilitem a casa a viver de recursos próprios. Os órfãos, os velhos e os homens aproveitáveis poderão encontrar atividades além dos trabalhos agrícolas e produzir alguma coisa para a renda indispensável. Cada qual trabalharia de conformidade com as próprias forças, sob a direção dos irmãos mais experimentados. A produção do serviço garantiria a manutenção geral. Como sabemos, onde há trabalho há riqueza, e onde há cooperação há paz. É o único recurso para emancipar a igreja de Jerusalém das imposições do farisaísmo, cujas artimanhas conheço desde o princípio de minha vida" (Emmanuel, Francisco Cândido Xavier. Livro Paulo e Estêvão, segunda parte, capítulo 5).
2. Eventos pagos e Doutrina Espírita:
“Todos os motivos para festas dignas são respeitáveis, entretanto, a caridade é a mais elevada de todas as razões para qualquer festa digna.
Ninguém há que não possa pagar pequena parcela para a realização dessa ou daquela empresa festiva, destinada à sustentação das boas obras.
Sempre que possível, além da sua quota de participação num ato festivo, com fins assistenciais, é importante que você coopere na venda de, pelos menos, cinco ingressos, no campo de seus amigos, a benefício do empreendimento.
Mesmo que não possa comparecer numa festa de caridade, não deixe de prestar a sua contribuição.
Festejar dignamente, em torno da fraternidade humana, para ajudar o próximo, é uma das mais belas formas de auxílio”.
(André Luiz e Chico Xavier, Livro “Sinal Verde”, Festas).
Estas são opiniões de Paulo, Pedro e André Luiz, respeitáveis.
ResponderEliminarNo entanto a doutrina dos Espíritos está codificada por Allan Kardec, onde os bons Espíritos recomendam dar de graça o que de graça se recebeu.
Manda o bom senso, e é óbvio, que um centro espírita seja mantido pelos espíritas que o fundaram bem como com a ajuda de outros "espíritas" que se juntem ao mesmo, por convicção.
O necessitado que está a aprender espiritismo ou a receber ajuda espiritual ainda não é espírita e como tal não deve ser cobrada a ajuda espiritual nem lhe ser solicitado apoio monetário, que será dado à guisa de "pagamento" pelo bem recebido pelos bons Espíritos.
Aliás isto é bem claro no texto... :-)