O Homem vive em Sociedade, para que, em
conjunto, evolua intelectual e moralmente (Lei de Sociedade, in O Livro dos Espíritos, Allan Kardec) nas
múltiplas relações que se estabelecem durante uma existência terrena.
Frequentemente, em qualquer tipo de aglomeração
social (trabalho, casa, associativismo…) encontramos pessoas que, magoadas,
acabam por se afastar de outras, outrora amigas, pessoas que trabalhando lado a
lado, mal se falam, sempre queixosas mutuamente, tendo em conta as “suas”
razões, sempre válidas, de acordo com o ponto de vista.
A separação opera-se (no casal, na empresa, no associativismo…),
como mal menor, em vista da aparente impossibilidade de relacionamento.
A vida acaba por continuar, até que o irmão
Tempo se encarregue de pensar as feridas da alma que, entretanto, cicatrizam,
com outros labores e entendimentos.
Essa é a causa das continuadas guerras regionais,
um pouco por todo o mundo, desde que o Homem é Homem, guerras que começam no
seu íntimo, alastram-se ao lar, à Sociedade, aos países, ao mundo.
Quase sempre têm os seus alicerces no egoísmo
de opinião, no melindre, na mágoa estéril, nos silêncios que gritam e ferem, no
mal-entendido.
As pessoas sofrem em silêncio, gritam caladas,
choram sem lágrimas, muitas vezes sem que o outro saiba o que se passa, pois os
dois grandes inimigos e aliados da Humanidade, já se instalaram no seu
psiquismo: o “mal-entendido” e o “silêncio”.
O “mal-entendido” queixa-se, magoa-se, verga
sob a dor imaginária, e o “silêncio”, cruel companheiro, amplifica o problema,
impondo-se, para que a luz da amizade, da solidariedade, do entendimento, não
volte a brilhar.
Quando o problema surge, a desconfiança se
instala, o mal-entendido se insinua, é fundamental ter o bom senso de,
fraternalmente, esclarecer o assunto com o “opositor”.
Fazendo isso, denotando grandeza moral,
rapidamente se desfazem preconceitos, problemas inexistentes, aclaram-se
situações, geram-se entendimentos, e as pessoas chegam a rir-se de si próprias,
fruindo assim a paz de Espírito perdida temporariamente.
“Olho por
olho, o mundo acabará cego”
(frase
atribuída a Mohandas Gandhi)
Que seria do Homem se os órgãos do seu corpo
físico se comportassem de tal maneira? Se o coração se melindrasse com o fígado
e deixasse de o irrigar? Se o estômago se zangasse com os rins?
Seria o colapso, dir-me-ão…
E não é isso que estamos a fazer nas nossas
relações sociais (obrigatórias ou voluntárias), abrigando na alma o melindre, a
mágoa, a queixa, quase sempre sem causa justa e útil, deixando-nos vencer pela
dupla terrível do mal-entendido e do silêncio?
O Espiritismo, como ciência de observação,
filosofia e moral, demonstra experimentalmente a imortalidade do Espírito,
apresenta-nos uma nova filosofia de vida, de modo a podermos ser mais felizes e
a evoluirmos mais depressa, e assenta na moral que Jesus de Nazaré deixou à Humanidade.
Afinal, bastaria que cada um de nós, tentasse
fazer ao próximo o que desejaria que lhe fizessem (se estivesse na mesma
situação), que cada um abdicasse de “ter razão” para ser feliz.
Utopia, dir-me-ão alguns…
Teimosia tola, digo eu… viver em guerra (mental
ou física) quando se pode viver em paz.
É tudo uma questão de opção…
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março 21, 2018
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