Joana tem 15 anos. Apareceu no Centro
Espírita onde colaboro. Vinha nervosa, afinal era a 1ª vez que ia a um Centro
Espírita e, nem o facto de ir com uma amiga mais velha a tranquilizava.
Assistiu à palestra da noite, sentiu-se mais à vontade pois o ambiente era
alegre, brincalhão embora sério e, tratavam-se os assuntos do quotidiano à luz
da Doutrina Espírita (que não é mais uma seita nem mais uma religião). No fim
da palestra foi ao passe espírita (tratamento fluídico com imposição das mãos)
e sentiu-se melhor. Posteriormente, quis falar connosco em privado. Expôs o seu
assunto. Tinha visões já desde pequena, mas ultimamente essa visões têm sido
mais recorrentes. Via Espíritos, isto é, pessoas que já tinham largado o corpo
de carne pelo fenómeno natural da morte e que estão tão vivos quanto nós, só
que noutra dimensão existencial. Queria saber como resolver o
"problema". O irmão, com quatro anos de idade, também vê os mesmos
Espíritos, ao que a mãe retruca dizendo que é tudo mentira. Confusão total na
cabeça do miúdo: por um lado vê uma realidade, por outro a mãe diz que não
existe.
Lá explicámos à Joana que a percepção
extra-sensorial (ou mediunidade) é apenas um 6º sentido que todos possuímos. Na
maioria das pessoas, está adormecido. Noutras, esse sentido está a desabrochar
e, em algumas pessoas esse 6º sentido está desenvolvido (os chamados médiuns).
Explicámos que ter mediunidade é como ter visão, olfacto, tacto, audição e
gosto. Fizemos um paralelismo: se porventura fosse cega de nascença e, aos 15
anos, de repente, começasse a ver no meio da rua, essa nova característica
(visão) normal para quase todos nós, seria um problema pois não saberia quais
as cores, como lidar com a luz do sol etc. Diria que ver era um problema,
enquanto que os demais, habituados a ver desde pequenos, diriam o oposto:
"que não, que ver é óptimo e é muito fácil".
Assim se passa com a mediunidade: quando
começa a desabrochar, não sabemos lidar com ela, ficamos intrigados e por vezes
com alguns contratempos. Mas, após a aprendizagem, o médium (pessoa que capta o
mundo extra-físico) leva uma vida perfeitamente normal.
A solução passa por aprender a lidar com
essa nova faculdade, e na nossa óptica não conhecemos melhor caminho do que
começar a frequentar um Centro Espírita, integrar-se num grupo de estudo (Curso
Básico de Espiritismo ou outros), ler e estudar os livros de Allan Kardec (o
pesquisador dos factos espíritas), entre outros hábitos, como a leitura diária
de um livro espírita, meditação e oração.
Joana ficou mais aliviada, sentia-se
normal, afinal havia outras pessoas como ela, que tinham a mesma percepção. Foi
um alívio: "Afinal não estou
maluca..." .
A
mediunidade (ou percepção extra-sensorial)
é
uma faculdade tão natural como ver, ouvir, falar,
e
carece de ser orientada num Centro Espírita.
Ficou de voltar e frequentar o Centro
Espírita (que é uma escola do Espírito), aprender.
A moderna Psiquiatria já alerta os
médicos para este facto, para que as pessoas que apareçam nos consultórios com
visões, audição de vozes que mais ninguém houve, não sejam taxadas de loucas
(como outrora), mas que isso pode reflectir um estado cultural (é a admissão
antropológica da mediunidade por parte da ciência médica).
Allan Kardec, no livro "A Génese" referia as crianças da Nova
Era (o prelúdio da transição do planeta Terra para um grau superior) que
voltariam para dar um novo impulso evolutivo à Terra.
No Novo Testamento, em Actos, 2:17,
podemos encontrar a referência de que no fim dos tempos (não significa o fim do mundo, mas sim o fim de um ciclo, uma fase de
transição para melhor) "...E os vossos filhos
e as vossas filhas profetizarão, os vossos jovens terão visões, e os vossos
velhos terão sonhos".
A mediunidade (ou percepção extra-sensorial) é uma faculdade do ser
humano que cada vez mais adentra a casa do rico, do pobre, do branco, do negro,
do instruído e do pouco instruído, para que assim a espiritualidade se torne
perceptível a toda a humanidade e, não seja apenas pertença de um grupo de
iniciados, de um grupo de padres ou dirigentes.
O Centro Espírita continua a ser esse portal para o entendimento de uma
nova realidade, que catapultará inevitavelmente o ser humano de um nível
existencial egóico para uma dimensão existencial mais fraterna, compreensiva,
tolerante, nesta fase de transição, para que um dia se instale na Terra o
"reino de Deus", isto é, que sejamos um mundo mais evoluído, onde não
haja mais fome nem guerras e, onde todos se auxiliarão e amarão como irmãos
universais.
Bibliografia:
Kardec, Allan:
O Livro dos Espíritos, O Evangelho Segundo o Espiritismo, A Génese, O Céu e o Inferno, "O Livro
dos Médiuns"
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setembro 25, 2011
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