Haiti: o terramoto da alma...


Janeiro de 2010. O ano novo começa com um terrível terramoto no Haiti, que nesta altura contabiliza cerca de 200 mil mortos (previsão) e outros tantos feridos. O mundo entra em choque, perante a brutalidade do fenómeno. E o mundo questiona-se: porquê?

Nas ocasiões mais tenebrosas e difíceis, a humanidade entra em choque, e acaba por meditar na fragilidade da vida humana no planeta Terra. Numa catástrofe deste género, o inimaginável torna-se real, e conscientes de que vivemos numa aldeia global, o íntimo treme, pois o Haiti é já ali, vizinhos que somos nesta imensa nave espacial, a Terra. E se fosse aqui? E se for aqui? E? E?....
Quantas interrogações se colocam no espírito de milhões de seres humanos, como que a tentar entender os ditames da vida, procurando lógica para os desígnios da Natureza.
Como explicar tais fenómenos? Porque acontece àquela gente e não a outros? Onde está esse Deus de misericórdia que dá a uns tudo e a outros nada?
Somente a lógica da reencarnação, e a clareza da Doutrina Espírita, podem esclarecer tão grave questão, como a da existência da humanidade. 
Allan Kardec, o insigne pesquisador dos fenómenos espíritas, em meados do século XIX, questionava os Espíritos superiores sobre estas questões, em "O Livro dos Espíritos" fenomenal obra de filosofia, hoje em dia estudada em algumas Universidades do Mundo, a par de outros filósofos:
731. Por que, ao lado dos meios de conservação, colocou a Natureza os agentes de destruição?
“É o remédio ao lado do mal. Já dissemos: para manter o equilíbrio e servir de contrapeso.” 733. Entre os homens da Terra existirá sempre a necessidade da destruição?
“Essa necessidade se enfraquece no homem, à medida que o Espírito sobrepuja a matéria. Assim é que, como podeis observar, o horror à destruição cresce com o desenvolvimento intelectual e moral.”
737. Com que fim fere Deus a Humanidade por meio de flagelos destruidores?
“Para fazê-la progredir mais depressa. Já não dissemos ser a destruição uma necessidade para a regeneração moral dos Espíritos, que, em cada nova existência, sobem um degrau na escala do aperfeiçoamento? Preciso é que se veja o objectivo, para que os resultados possam ser apreciados. Somente do vosso ponto de vista pessoal os apreciais; daí vem que os qualificais de flagelos, por efeito do prejuízo que vos causam. Essas subversões, porém, são frequentemente necessárias para que mais pronto se dê o advento de uma melhor ordem de coisas e para que se realize em alguns anos o que teria exigido muitos séculos.”

Somente a lógica da reencarnação, e a clareza da Doutrina Espírita,
podem esclarecer tão grave questão, como a da existência da humanidade.
 
b) - Mas, nem por isso as vítimas desses flagelos deixam de o ser.
“Se considerásseis a vida qual ela é e quão pouca coisa representa com relação ao infinito, menos importância lhe daríeis. Em outra vida, essas vítimas acharão ampla compensação aos seus sofrimentos, se souberem suportá-los sem murmurar.” Venha por um flagelo a morte, ou por uma causa comum, ninguém deixa por isso de morrer, desde que haja soado a hora da partida. A única diferença, em caso de flagelo, é que maior número parte ao mesmo tempo. Se, pelo pensamento, pudéssemos elevar-nos de maneira a dominar a Humanidade e abrangê-la em seu conjunto, esses tão terríveis flagelos não nos pareceriam mais do que passageiras tempestades no destino do mundo.
739. Têm os flagelos destruidores utilidade, do ponto de vista físico, não obstante os males que ocasionam?
“Têm. Muitas vezes mudam as condições de uma região. Mas, o bem que deles resulta só as gerações vindouras o experimentam.”
740. Não serão os flagelos, igualmente, provas morais para o homem, por porem-no a braços com as mais aflitivas necessidades?
“Os flagelos são provas que dão ao homem ocasião de exercitar a sua inteligência, de demonstrar sua paciência e resignação ante a vontade de Deus e que lhe oferecem ensejo de manifestar seus sentimentos de abnegação, de desinteresse e de amor ao próximo, se o não domina o egoísmo.”
Diz-nos a Doutrina Espírita, que todos nós, Espíritos imortais, passamos pelas dificuldades que nos são necessárias à nossa evolução espiritual, neste mundo de expiação (de erros de vidas passadas) e provas (nesta vida terrena), objectivando sempre o bem, que nem sempre vislumbramos, por vermos a Vida apenas num escasso período de uma existência, quando ela se espraia pelo infinito.
Para além do terramoto físico no Haiti, certamente não deixou de haver um terramoto íntimo em grande parte de nós, questionando-nos sobre o real valor da Vida, que valor têm as ridículas questiúnculas que nos fazem perder tanto tempo, e sobre a importância da nossa renovação interior.
Nestes momentos de dor, em que a alma se engrandece na prática da caridade, outros valores ético-morais vão despertando, em direcção ao roteiro moral que Jesus preconizou para a implantação da felicidade no planeta Terra: o Amor ao próximo!

Bibliografia:
O Livro dos Espíritos, Allan Kardec

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janeiro 18, 2010
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Comentários

  1. Olá

    Perante uma tragédia como a que a que vem sucedendo no Haiti (na verdade a miséria vem de muito antes do terramoto), ainda há quem dúvide que o umbral, ou inferno, ou lá o que lhe queiram chamar, é aqui na terra. Ainda há quem queira viver aqui neste inferno para a eternidade e mande congelar o seu corpo...

    Mas não é tudo mau, pois podemos:

    - Aceitar a missão que O Nosso Pai nos deu, que é trabalhar para desenvolver a inteligência, e, a partir de um certo grau de inteligência, desenvolver também a sensibilidade moral (não confundir inteligência com instrução...).

    - Aceitar vergar o orgulho e todas as nossas más inclinações, porque procedendo assim, ficamos mais livres para usar a inteligência, naquilo que realmente interessa. E seremos mais felizes, tanto espiritual, como materialmente.

    Um adepto da causa Espirita

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  2. Eu só peço a Deus nosso Pai que está no Céu, que tenha misericórdia de todos eles que dê a cada um segundo as suas obras, pois tudo acontece com a permissão do Pai que está no Céu.

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  3. Olá Ka-Sama

    A quem cabe saber o que é cada um merece ou deixa de merecer, é o Nosso Pai de infinita bondade. A administração da justiça divina, cabe a Deus e não aos homens da terra.

    A nós cabe auxiliar sem querer saber se o sofrimento é ou não merecido. Isso não são contas do nosso rosário, amigo. Jesus ensinou a auxiliar sem excepções.

    Todos aqui na terra, com excepções bem conhecidas, temos misérias, defeitos e más inclinações a resolver. Senão que estaríamos aqui a fazer neste purgatório?

    O mais difícil é aceitarmos ver os nossos defeitos. Pensamo-nos acima das misérias que vemos nos outros, mas quem é sensato e inteligente, sabe que nada podemos sem o Pai Nosso. O Deus de infinita bondade que nos trouxe aqui, para sermos obrigados a compreender com sofrimentos aquilo que nos recusámos a ver de outra forma. A bondade do nosso pai obriga-nos a vergar, sem o que seriamos iludidos e infelizes para a eternidade.
    É a lei do progresso (vidé Livro dos Espiritos, de Allan kardec)

    um amigo da causa espirita

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