Reencarnação: mito ou realidade? (I)




Tendo em conta a actualidade deste tema «A Reencarnação» iremos debruçar-nos sobre ele ao longo dos próximos artigos.

A palavra reencarnação significa (re + encarnar + acção) a acção de voltar a um novo corpo de carne, após a morte do corpo físico. Sendo hoje em dia crença de cerca de 2 / 3 da população mundial, de acordo com as estatísticas, e encarada em moldes diferentes, tem sido alvo de inúmeras pesquisas por parte de muitos cientistas a nível mundial, independentemente das suas convicções filosóficas e / ou religiosas.
Já os primeiros cristãos tinham a noção da reencarnação, isto é, a ideia de que as almas dos que já tinham vivido antes voltariam com novos corpos, chamando a essa crença “ressurreição”, já que o termo “reencarnação“ apareceria mais tarde. As passagens do Novo Testamento que evidenciam a reencarnação são tantas que seria fastidioso enumerá-las.
"A doutrina das vidas sucessivas, ou reencarnação, é também chamada palingenesia, de duas palavras gregas - palin, de novo, genesis, nascimento. Já a teoria da metempsicose, de que as almas poderão voltar em corpos de animais, como castigo divino, não faz qualquer sentido, pois seria um retrocesso evolutivo que contrariaria as leis da natureza. O que há de mais notável é que, desde os albores da civilização, ela, a ideia da reencarnação, foi formulada, na Índia, com uma precisão que o estado intelectual dessa época longínqua não fazia pressagiar. 

Inúmeras pesquisas científicas actuais vêm confirmando
as teses em defesa da existência da reencarnação

"Com efeito, desde a mais alta Antiguidade, os povos da Ásia e da Grécia acreditaram na imortalidade da alma, e mais ainda, muitos procuravam saber se essa alma fora criada no momento do nascimento ou se existia antes. "Na Grécia vai-se encontrar a doutrina das vidas sucessivas nos poemas órficos; era a crença de Pitágoras, de Sócrates, de Platão, de Apolónio e de Empédocles. Platão adopta a ideia pitagórica da palingenesia. Ele fundou-a em duas razões principais, expostas no "Fedon". A primeira é que, na natureza, a morte sucede à vida, e, sendo assim, é lógico admitir que a vida sucede à morte, porque nada pode nascer do nada, e se os seres que vemos morrer não devessem mais voltar à Terra tudo acabaria por se absorver na morte. Em segundo lugar, o grande filósofo baseia-se na reminiscência, porque, segundo ele, aprender é recordar. "Descartes, Leibnitz e Kant tiveram uma certa intuição destes factos (caracteres dissemelhantes dos gémeos e terem os meninos-prodígio talentos que os pais não possuíam); Descartes, sobretudo, na sua teoria das ideias inatas... "Todas estas religiões se basearam na crença nas vidas sucessivas: o bramanismo, o budismo, o druidismo, o islamismo. O cristianismo primitivo não abriu excepção à regra. Traços desta doutrina se nos deparam no Evangelho. Os padres gregos Orígenes, Clemente de Alexandria e a maior parte dos cristãos dos primeiros séculos admitiam-na...". Segundo Leslie D. Weatherhead, da Igreja Anglicana de Londres (The Case for Reencarnation, de Leslie D. Weatherhead, Londres, 1958), o conceito das vidas sucessivas foi rejeitado pela Igreja Católica no Concílio de Constantinopla, em 553, por votação, na qual a reencarnação perdeu por 3 a 2. O que realmente aconteceu foi que um sínodo local condenou os ensinamentos de Orígenes acerca da preexistência da alma, em 553, na cidade de Constantinopla, crê-se que até por imposição política do imperador Justiniano, a cuja esposa desagradava a ideia de poder reencarnar como escrava, se maltratasse os escravos, como então se ensinava.

Nascer, morrer, renascer ainda, progredir sem cessar, tal é a lei.

A pluralidade das existências, cujo princípio Jesus estabeleceu no Evangelho, sem todavia definir, como a muitos outros, é uma das mais importantes leis reveladas pelo espiritismo, pois demonstra-lhe a realidade e a necessidade do progresso. Com esta lei, o homem explica todas as aparentes anomalias da vida humana; as diferenças de posição social; as mortes prematuras que, sem a reencarnação, tornariam inúteis à alma as existências breves; a desigualdade de aptidões intelectuais e morais, pela ancianidade do espírito que, mais ou menos, aprendeu e progrediu, e traz, nascendo, o que adquiriu nas suas existências anteriores... "Com a reencarnação desaparecem os preconceitos de raça e de casta, pois o mesmo espírito pode tornar a nascer rico ou pobre, capitalista ou proletário, chefe ou subordinado, livre ou escravo, homem ou mulher. De todos os argumentos invocados contra a injustiça da servidão e da escravidão, contra a sujeição da mulher à lei do mais forte, nenhum há que prime, em lógica, ao facto material da reencarnação. Se, pois, a reencarnação funda numa lei da natureza o princípio da fraternidade universal, também funda na mesma lei o da igualdade dos direitos sociais e, por conseguinte, o da liberdade... O pensamento reencarnacionista pode descrever-se desta forma, à luz do espiritismo: Nascer, morrer, renascer ainda, progredir sempre, tal é a lei. Para a próxima semana iremos abordar as várias evidências científicas da reencarnação.

Bibliografia: Caderno 6 do Curso Básico de Espiritismo da ADEP www.adeportugal.org

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novembro 15, 2009
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